Descrição
Cartas da trincheira reúne a correspondência entre o escritor modernista Guilherme de Almeida (1890-1969) e sua mulher, Belkis Barrozo do Amaral (Baby, 1901-1988), durante a Revolução Constitucionalista de 1932, quando o poeta se alistou no 1º Batalhão da Liga da Defesa Paulista, na chamada “tropa dos doutores”, sediada em Cunha. O leitor vivencia o ambiente da guerra, a censura no Correio Militar, a precariedade da comunicação telefônica, o atraso no recebimento das cartas e mensagens provavelmente cifradas. Sobressai a personalidade de Baby, oriunda da alta sociedade carioca, afirmando a sua independência, não se transferindo, naquela ocasião, para a casa da sogra, de acordo com os protocolos da época. Na Introdução são apresentados os dados dos missivistas e suas inserções no contexto sociocultural do período, marcadamente dos participantes modernistas. Pode-se tomar conhecimento também das redes de amizades, de trabalho, de acontecimentos circunstanciais ligados ao desempenho intelectual do poeta ativo nos jornais e no rádio. Amplia-se a fortuna crítica da epistolografia no século XX, por meio da apresentação de elementos significativos para o estudo das cartas de amor e da escrita epistolar feminina no Brasil, colocando em pauta questões de gênero. O livro traz, ainda, outros inéditos importantes, como, por exemplo, trechos do diário pessoal de Guilherme de Almeida, escrito durante o conflito.
Organizadora:
Maria Eugenia Boaventura é ensaísta e professora titular de literatura brasileira do Departamento de Teoria Literária da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Publicou, entre outros, O salão e a selva – uma biografia ilustrada de Oswald de Andrade (1995), e Couto de Barros (1896-1966) – a elite nos bastidores do modernismo paulista (2022)